terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Samara Felippo interpreta normalista malvada em "O Profeta"


Por Carla Neves


Nas ruas, Samara Felippo, 26 anos, não chega a ser alvo de olhares mal-encarados. Mas na Internet, já tem até comunidade no Orkut dedicada a falar mal de sua personagem, a malvada Wandinha, de O Profeta. "Na comunidade da novela, existem várias mensagens contra a minha personagem, como 'Eu odeio a Wandinha' e 'A Wandinha é uma cachorra'", diverte-se.



Na trama das seis da Globo, a atriz interpreta uma normalista que vive se intrometendo no romance do pai, o comerciante Alceu, vivido por Nuno Leal Maia, com a jovem perua Miriam, de Juliana Baroni. Para agravar o caráter duvidoso, a moça ainda faz de tudo para separar o casalzinho apaixonado formado por Baby, interpretada por Juliana Didone, e Tony, vivido por Daniel Ávila. "A Wandinha não tem a capacidade de ver as pessoas felizes. Tanto que se esforça para separar a melhor amiga do namorado", opina.


Viver uma vilã, contudo, tem sido uma diversão para a atriz. Ainda mais sabendo que está dando conta do recado. "O engraçado é que as crianças estão pegando muita aversão a mim", comenta. Desde que estreou na novela, a vida da atriz mudou de ponta-cabeça. A começar pelo corte de cabelo no melhor estilo "joãozinho".


A mudança de visual, porém, foi apenas o primeiro passo para interpretar a primeira antagonista de sua carreira. Logo em seguida, mergulhou nos capítulos da novela e se esforçou para absorver o maior número de informações possível sobre os anos 50. "Além dos workshops, pesquisei muito sobre a época na internet", revela. O processo de composição da Wandinha não se limitou às pesquisas na rede mundial de computadores. Samara alugou filmes e leu livros a respeito dos "anos dourados". "Procurei saber como as pessoas andavam, se vestiam e se comportavam naquela época", conta.

O gosto e a dedicação pelas tramas de época podem ser comprovados pela admiração que a atriz tem por cada mudança de época. "Aprendo a cada década que conheço com os meus personagens. É maravilhoso", derrama-se. Freqüentemente escalada para viver papéis do século passado, Samara quer mesmo atuar. "Gosto de fazer novela, assim como gosto de fazer teatro e amo fazer cinema" confessa ela, que já atuou no longa Concerto Campestre, de Henrique Freitas Lima.

Nascida e criada no Rio de Janeiro, Samara começou na Globo em 1997, na novela Anjo Mau. Tem um currículo para lá de diversificado na tevê. Ela coleciona nove novelas e duas minisséries da Globo. Além disso, já fez participações em inúmeros programas da emissora, como Sítio do Picapau Amarelo e Minha Nada Mole Vida. A atriz acredita que seu biotipo é o que mais instiga os autores a convidá-la para atuar nesses trabalhos. "Falam muito que eu tenho cara de época por ser branquinha e ter jeito de menina", conta.


De fato, as vilanias de Wandinha não provocam o menor estranhamento em Samara. A atriz revela que para construir a personagem mergulhou no lado psicológico dela e engatou na seguinte linha de pensamento: "Ocuparam o lugar da mãe dela, ocuparam o lugar dela, então por que ela não pode ocupar o lugar de outra?". Samara deixa escapar que torce para que a sua Wandinha se torne mais malvada ainda. "Fazer uma vilã está sendo gostoso. Saber que o público fica com raiva da minha personagem é muito bacana", alegra-se.


Outras experiências Fora da televisão, Samara só tem olhos para a peça Êxtase, de Walcyr Carrasco. Dirigido por Michel Bercovitch, o Samuel Goldberg de Paixões Proibidas, da Band, o espetáculo acabou criando um grande encontro de colegas. É que Samara divide o palco com as atrizes Rosane Goffman e Nívea Stelmann.


O trio pôde ser visto junto até semana passada na reprise de "Chocolate com Pimenta", também de Walcyr. Samara e Nívea, além de trabalharem juntas, são muito amigas fora da ficção. Mas essa relação nem sempre ajuda. "Brigamos muito. Cada uma defende o seu. Mesmo sem uma querer aparecer mais do que a outra", esclarece.

Trabalhar fora da tevê tem um gosto especial para a atriz. "É diferente. No teatro, você está no palco e tudo pode acontecer. Cabem improvisos", analisa. Para Samara, a maior diferença ao assumir um compromisso tão longo quanto uma novela é não saber que rumo seu personagem vai tomar. Tanto que, quando começou a gravar O Profeta, não sabia que Wandinha trairia a própria amiga. "Nunca pensei que fosse chegar a esse ponto. Ela agora é uma vilãzona", entusiasma-se.


Instantâneas


# Samara sempre quis ser ginasta, mas decidiu estudar teatro para perder a timidez. Ao obter uma vaga na Oficina de Atores da Globo, aos 17 anos, desistiu de prestar vestibular para Informática.

# Em 1997, Samara participou do quadro "Estrela Por Um Dia", do Domingão do Faustão, onde refez, ao lado do ator Matheus Rocha, uma cena da personagem Carolaine, interpretada por Nívea Stelmann na novela A Indomada.

# Assim como a maior parte do elenco de O Profeta, Samara não assistiu à primeira versão da novela, exibida na Tupi em 1982.

# Não é a primeira vez que Samara radicaliza no visual para encarnar uma personagem. Ela já pintou o cabelo de louro para interpretar a assanhada "maria-breteira" Detinha em América, e recorreu ao corte chanel, na altura do queixo, para viver Maria Estela Kubitschek na minissérie JK.


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